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23 de outubro de 2007

 

Amor: mito ou realidade? - Filosofia

Pensar sobre o amor é uma questão filosófica e não psicológica ou religiosa.
A ciência antropológica encontra na mulher a inventora do amor e supõe que foi por necessidade de proteção e segurança.
Estudos historicistas investigam a existência e a origem dessa força atrativa chamada amor, e que tem como oposição o sentimento que denominamos ódio.
A filosofia grega, alicerce das culturas, principalmente das ocidentais, entre elas a nossa, nos traz os filósofos que refletiram e investigaram a existência, a origem e as práticas do amor.
Dentre tantas explicações, destacam-se as platônicas, ou melhor, foram escritas por Platão, mas pensadas por seus antecessores, principalmente o filósofo Sócrates e o escritor Aristófanes.
Uma das mais notáveis explicações apresentadas por Sócrates, encontra confluência com as obtidas pela ciência antropológica historicista: aponta a mulher como inventora do amor.
E a concepção socrática é por ele próprio, atribuída também a uma mulher, Diotina, estrangeira da Arimatéia.
Nota-se que o amor nunca conseguiu firmar-se em nenhum período histórico, nem mesmo no denominado Romantismo.
Na sociedade laica, o amor habita a área sensual e reprodutiva do ser humano.
Entre os religiosos se mostra fruto da dimensão sentimental.



Na primeira o notamos alojado e se revelando no relacionamento entre sexo-amor-reprodução, e na segunda, o vemos como despertador de sentimentos, que vai do amor ao ódio e vice-versa.
O ser humano governado pela sensualidade é sujeito a desastres porque supõe o homem posicionado de maneira invertida, isto é, de ponta cabeça; o amor fluindo do coração tem em seu discurso o perdão e a solidariedade, mas na prática é responsável por injustiças e castigos.
Este ser humano, assemelha-se a um animal qualquer, mas não ao animal racional.
A terceira fonte de onde o amor deve fluir, seria a da dimensão racional, a menos utilizada ao longo da História da Humanidade.
Esta seria, segundo Sócrates e Platão, a única autêntica fonte do verdadeiro amor. É o amor que administra as dimensões sentimentais e sensuais, capaz de conduzir racionalmente o homem, o mundo e o universo.
Mas voltemos à dúvida inicial: o amor é mito ou realidade?
O notável psicanalista norte-americano, Dr. Erick Fromm, nos ensina em um de seus livros intitulado “A Arte do Amor”, que o amor é uma extraordinária emoção, que tem o poder de alterar e reorientar todo o curso de nossa vida. A maioria das pessoas não consegue desenvolver sua capacidade de amor no único nível que realmente interessa – um sentimento constituído por maturidade, auto-conhecimento e coragem. O aprendizado do amor, como o de todas as outras artes, exige prática e concentração.
E mais do que qualquer outra arte, exige compreensão.
Devemos estudar o amor sob todos os aspectos – não apenas o romântico, tão cercado de conceitos errôneos, mas também o dos pais pelos filhos, entre irmãos, o erótico, o amor próprio, e o amor por Deus, para os que acreditam.
A estrangeira Diotina ensinou a Sócrates que o amor foi concebido durante a festa de nascimento da deusa Afrodite:
"Banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, o Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim, a Pobreza, que ficou à porta. Recurso, embriagado com o néctar – pois vinho ainda não existia, penetrou no jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando, em sua falta de recursos, deita-se ao lado de Recurso e pronto, engendra um filho dele, concebendo o Amor."
Eis porque o Amor tornou-se servo de Afrodite, já que foi gerado em seu natalício, e ao mesmo tempo, é amante por natureza do belo, sendo Afrodite, também a bela.
Por ser filho de Recurso e Pobreza, foi esta a condição em que ficou: primeiramente ele é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas sim, duro, seco, descalço e sem lar; sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos e ruas, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador invencível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio de recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista; e nem imortal é sua natureza e nem mortal, e no mesmo dia, ora germina e vive, quando enriquece; ora morre e de novo ressuscita, graças à natureza do pai; e o que consegue sempre lhe escapa, de modo que nem empobrece o Amor nem enriquece, assim também como está no meio da sabedoria e da ignorância.



Eis com efeito o que se dá: nenhum deus filosofa ou deseja ser sábio – pois já é – assim como se alguém mais é sábio, não filosofa. Nem também os ignorantes filosofam ou desejam ser sábios, pois é nisso mesmo que está a dificuldade da ignorância, no pensar, quem não é homem distinto e gentil, nem inteligente, que lhe basta assim. Não deseja portanto, quem não imagina ser deficiente, naquilo que não pensa lhe ser preciso.
- Plutarco (270 a.C.), filósofo grego, ao ser cobrado de que deveria se reconciliar com seu filho, porque tinha a obrigação de amá-lo, pois o mesmo havia saído de dentro dele – pôs-se a cuspir e disse: “Isto também sai de dentro de mim”.
- Michel de Montaigne (1533-1592), definiu o amor como sendo uma simples base para o início de uma boa, duradoura e produtiva amizade. Dizia ele que o amor é uma emoção igual à que um caçador sente durante durante o tempo em que persegue sua presa – assim que consegue, essa emoção, esse desejo que é o amor, cessa, se esvai, desaparece.
Nesta reflexão de Montaigne, o amor é apenas uma semente – só existe enquanto não se planta -, depois, de bem plantado, só pode resultar numa boa e duradoura amizade, do contrário, produzirá o oposto: o ódio.
- Para os gregos, o amor era um passatempo fora do casamento; eles amavam os meninos e ficavam com eles até que os mesmos se tornassem homens prontos.
- O amor não é algo próprio ou apropriado, só da relação entre homens e mulheres, só entre sexos opostos.
- No Romantismo, marcado pela musicalidade, um homem costumava beber a água na qual sua amada havia se banhado. Pode? Pôde!

(...)

Prezados leitores...
façam suas reflexões acerca deste tema intrigante e coloquem aqui suas opiniões para que possamos ler e aprender mais com vocês.
Lembremos... o amor é mito ou realidade?



Prof. Nércio Martins leciona Filosofia na Escola Dinah.





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Criação, Edição e Atualização
Paulo Antonouza