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1 de maio de 2008

 

Festa de Santa Cruz



"O calendário do brotense não tem só 12 meses.

Existe um período, finzinho de abril, comecinho de maio, chamado Festa de Santa Cruz.
Quando o 'tempo' começa a mudar e a gente está morando fora, a saudade aperta o peito.
Não é saudade não, é banzo.
Não me lembro da minha Primeira Festa, mas Papai contava e Mamãe ainda repete, que eu era bem pequena, e foi num domingo à tarde. Chegando ao pátio, desci do colo e subi, de mãos dadas com meus pais, bem devagarinho, apoiando primeiro o salto do sapatinho, depois batendo o pezinho com força no chão.
Acho que era um ritual de entronização.
Me recordo sim, pouco tempo mais tarde, da espera.
Contava os dias.
Que maravilha descer a antiga Avenida Um. A iluminação mortiça, para mim um deslumbramento!
Nenê batia o sino, para nós era o 'chamado'.
Barraquinhas, quanto encantamento!
Gostava de comprar bexigas na vareta de bambu, espetadas para rimar, num chuchu; tinha as de gás, que sempre escapavam e as crianças chorando, olhando para mesma direção: o lado que o sol 'entra'.
Seu Frederico era o barraqueiro conhecido da crianças: a bolinha, ioiô, mia gato, anéis de pedrinhas coloridas, copinho que desmontava.
E o moço que sabia gravar os nomes em canecas de alumínio? Com uma faquinha, aos poucos, como por mágica, as letras iam aparecendo.
Hummmm pipoca e algodão doce!


Na minha infância o bar era pequeno, ficava do lado oposto ao de hoje, as moças 'davam voltas ' e os rapazes parados: quantos namoros. Tinha até casal que fugia!
Era o tempo de encontrar os brotenses que moravam fora. Todos faziam questão de 'marcar o ponto'!
Eu descobria e formava conceitos; sabia que à medida que íamos crescendo e envelhecendo perdíamos os conhecidos e que morrer, era um ano estar na festa e no outro não mais.
Que frio que fazia! Atravessar a ponte era um sofrimento.
Eu gostava mesmo da banda, o Joaquim e o carneirinho mascote. Também jogava no cavalinho.
E quando a procissão subia: os anjos, o andor, as pessoas descalças pagando promessa.
Meus olhos de menina, como fendas do cofre do coração, tudo observava e guardava.
Por isso hoje posso contar estes fatos, como minha avó contava que ouviu contar, que a Festa surgiu como promessa para afastar uma doença.
Assim como meu pai e minha mãe contavam as impressões deles, nós contamos para os mais jovens e os filhos, que contarão para os netos, e assim se forma a eternidade!"



Prof. Albertina Puntoni, hoje aposentada, lecionou na Escola Francisca.




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Criação, Edição e Atualização
Paulo Antonouza