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4 de julho de 2008

 

Compreensões sobre o corpo e... a mídia

"As mídias estão em toda parte, e nos bombardeiam diariamente com milhares de imagens, palavras e sons. Cada vez mais parte integrada ao cotidiano, por intermédio do seu discurso apoiado numa linguagem audiovisual, elas não transmitem informações “neutras”, mas alimentam nosso imaginário e constroem uma interpretação do mundo" (BETTI, 2003, p.92).



A partir do tema Corpo, Saúde e Beleza, desenvolvido com os discentes do 1º ano do Ensino Médio, turma A, no início do 2º Bimestre, foi possível perceber suas compreensões acerca dos modelos de beleza corporal predominantes em nossa sociedade, bem como, os posicionamentos gerados por estas percepções.
Na seqüência estão alguns trechos dos registros efetuados pelos discentes, os quais sintetizam as compreensões coletadas:
Os modelos de beleza corporal são as mulheres magras e bonitas. Os homens têm que ser bonitos e musculosos. Eu acho isso errado” (aluno 1);
A mídia impôs um estereótipo de beleza, corpo de loiras, magras, altas, que não é o biótipo das brasileiras de corpo com medidas generosas. É um tanto errado aceitar se tornar doente para atingir a magreza tão almejada. O que é o caso de uma grande parte. (...) É quase repugnante ver como a mídia influencia tanto a mente das pessoas. E como as pessoas vão além dos seus limites para conseguir. Eu conheço uma menina que teve bulimia para conseguir ser ‘perfeita’” (aluna 1);
As pessoas serem bonitas, magras, com o corpo em dia, a pele perfeita. Eu acho que as pessoas devem se cuidar, mas sem exageros” (aluna 2);
É bonita porque é alta, magra, com barriga tanquinho. Penso que talvez essa beleza não seja tudo, o que importa é a inteligência e o interior” (aluna 3);
Penso que beleza não é só magreza, acredito que a beleza é uma forma cativante, penso também que todos tem sua própria luz” (aluna 4).



Mais uma vez, a ênfase dada aos conteúdos está no olhar analítico e leitura crítica da realidade, o que tem sido uma constante no desenvolvimento da aprendizagem pelos docentes de nossa escola.
Acredito que, por isso, nossos adolescentes, ao menos na “denúncia”–reflexão, estão além da constatação de que:
"De modo geral, nossas crianças e adolescentes não estão preparados para resistir aos apelos persuasivos da televisão, e tendem a tornar-se consumidores passivos, sem meios de exercer um olhar analítico e de efetuar uma leitura crítica das suas mensagens" (BETTI, 2003, p.94).



Continuemos, então, vencendo as adversidades que cercam, principalmente, os componentes curriculares Educação Física e Arte, pensados, em nível senso-comum, na sua simples dimensão “técnica”, ou seja: professor de Educação Física tem que, exclusivamente, “deixar” os alunos praticar esporte e, professor de Arte tem que, simplesmente, “deixar” os alunos desenhar livremente.
Afinal,
"É muito importante que o homem (ser-humano) tenha ideais. Sem eles, não se vai a parte alguma. No entanto, é irrelevante alcançá-los ou não. É apenas necessário mantê-los vivos e procurar atingí-los" (O DALAI-LAMA, 2007, p.14).



A respeito, especificamente, do tema Corpo e Mídia, ressalto o trabalho desenvolvido por mim e pelos professores Paulo (Arte) e Luiz Eduardo (Português) no ano de 2007, junto aos estudantes do 2º ano do ensino médio, o qual foi apresentado no 12º Congresso Paulista de Educação Física (12º Congresso) e publicado na Revista Coleção Pesquisa em Educação Física:
Resumo: "Este artigo é o relato de uma experiência pedagógica desenvolvida pelas disciplinas Educação Física, Arte e Português, no ano de 2007, junto aos estudantes do 2º ano do ensino médio, da Escola Estadual Professora Dinah Lucia Balestrero, localizada na cidade de Brotas, interior de São Paulo. O trabalho objetivou a identificação, através de leituras e vivências, do nível de influência que a mídia exerce na idealização de padrões estético-corporais, e que situações e/ou momentos podem se valer dessa influência para fortalecer essa busca pelo corpo ideal. As atividades utilizadas para realização do trabalho foram promovidas de modo interdisciplinar pelas três disciplinas, valorizando as opiniões e interferências dos discentes no encaminhamento das ações do projeto. Textos, ilustrações e representações corporais, além de relatórios, foram produzidos pelos estudantes, e sua leitura compartilhada entre todos, de maneira a promover a troca de conhecimentos e a desconstrução e/ou construção de posturas individuais sobre as percepções alcançadas durante o trabalho." (LEMOS, SOUZA e DIVINO, 2008, p.433).

REFERÊNCIAS:
BETTI, Mauro. Imagem e ação: a televisão e a educação física escolar. In: _______.
Educação física e mídia: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003. p. 91-137.
LEMOS, Fábio Ricardo Mizuno; SOUZA, Paulo César Antonini de; DIVINO, Luiz Eduardo. Representações estético-corporais: uma abordagem interdisciplinar.
Revista Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 7, n.1, p. 433-438, 2008.
O DALAI-LAMA, Sua Santidade.
365 mensagens de sabedoria e compaixão. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.



Prof. Fábio Mizuno leciona Educação Física na Escola Dinah




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Criação, Edição e Atualização
Paulo Antonouza