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15 de fevereiro de 2005

 

Voto Vencido não é Convencido

fachada

O último dia do planejamento foi pontuado por situações diversas:
Uma palestra realizada pelo prefeito sr. Dú Barreto e pelo Juiz da Comarca, dr. Ettore;
A recepção adequada aos alunos, principalmente no caso dos ingressantes às quintas-séries;
A montagem do calendário escolar e dos prováveis eventos;
Os professores coordenadores de sala e
A finalização da dinâmica que impulsionou todo o trabalho dos últimos dias.


Não se atreva!!!Acredito que o momento foi bem aproveitado e que a integração pretendida aconteceu.
Tudo seria muito bom, mas acho oportuno ressaltar aqui uma série de situações que me ocorreram no pós-morten.
Participando de um debate online - espero que um dia todo usuário de computador que saiba interpretar um texto corretamente possa utilizar-se de um fórum para aprender a refletir - travei conversa com um grupo de professores bastante esclarecidos.
E após um bom tempo de discussão - da qual saímos com os conceitos estremecidos, mas a amizade ainda intacta, resolvi dividir algumas coisas aqui:

O debate iniciou-se em torno da valorização do professor:
1º - Sua posição perante a sociedade e do valor que lhe dão os outros.
2º - Pois antigamente, o professor causava um respeito temeroso pela simples presença.
3º - Ser chamado de professor era uma honra e os pais orgulhavam-se dos filhos que abraçavam essa carreira.
4º - O Professor era retentor de um dos salários mais altos de que se tinha notícia.

E por aí seguiram-se outras afirmações de valores nada humildes e que notadamente não são dignas de repetição.

Falou-se mais:
5º - Que a escola pública estadual é retentora de recordes de indisciplina, sendo esse o grande problema no aprendizado, somado ao número excessivo de alunos.
6º - O tráfico e consumo de drogas encontra sua área de atuação mais fácil justamento no pátio escolar.
7º - Que o estado não oferece capacitação de qualidade para seus mestres.
8º - Que a cobrança é tênue, branda, ineficaz.
9º - Que os professores abusam das faltas usando licenças e atestados.

E muitas outras sandices desse mesmo naipe foram digitadas no processo.
( . . . )
Só a primeira linha do primeiro tópico já seria suficiente para tema de um tese de doutorado em Londres livre do exame de proficiência (ehehehe)...
Mas vou me ater às respostas que apresento agora aos nossos esparsos visitantes:

1º - O que conta, não é o que a pessoa faz, o cargo ou posição que ocupa ou quanto ela estudou. Quem ela é de verdade é que importa. Repare como a pessoa que fala com você trata alguém supostamente inferior que esteja à sua volta. É essa postura que dá valor à pessoa. O professor não tem diferença de outro ser humano. Ele é responsável por muito, mas quando em serviço ou em função dele.
2º - Medo??? Temor??? Só se for em magoar o mestre. Respeito não se ganha com imposições. Ganha-se ódio. Vou chamar o Geraldo Vandré para defender essa afirmação.
3º - Todo mundo sabe que o salário do professor caiu muito em relação ao passado. De um passado em que nem minha mãe que é professora também, usufruiu. Como ela está perto da aposentadoria e a maioria dos professores em atividade têm entre 23 e 60 anos, acho que poucos ingressaram nessa carreira com o intuito de trocar de carro todo ano. O meu, eu não troco há dez. E daí? Vivo, não sobrevivo apenas. Sobrevivem as famílias de 7 pessoas com um salário mensal de 250 reais. Já trabalhei em muitos lugares... e sei bem o que é um salário baixo e também que por mais que eu receba, jamais serei pago pelo que detenho. E nem espero por isso.
4º - Meus pais orgulharam-se de minha escolha, mesmo preferindo que eu fosse médico. Eu me orgulho de minha escolha. Já me senti constrangido diversas vezes por defrontar-me com idosos que me chamavam de senhor devido à minha profissão. Revoltei-me várias vezes também por ser chamado de professor por pessoas que não possuem um mínimo de respeito para com o outro, numa tentativa de adular-me. Já tive o prazer de ouvir milhares de vezes o meu nome puro e simples da boca de alunos que sei lá eu porquê, me idolatravam.

Convenhamos que tudo isso é tão óbvio que qualquer pessoa capaz de fazer uma relação imediata entre dois tipos de linguagens distintas, sentiria-se ofendido em responder... mas fazer o quê... somos amigos. E vamos em frente:
5º - Recordes de indisciplina? Como assim? Qual o critério utilizado para essa afirmação? O fulano que pulou na casa do velhinho e quase o matou a pauladas para roubar 40 reais? A velha aleijada que foi estuprada por 30 reais? O adolescente que dormiu bêbado e nú na calçada de casa? O filho que atirou uma cadeira sobre a mãe? A família que não consegue se manter em paz tempo suficiente para completar uma idéia? Em escola não é assim. Pelo menos nas que eu conheço. Alunos conversando? Ah... eu tive uma professora que utilizava uma vara de marmelo para repreender-nos. Mesmo apanhando, conversávamos. Brigas em sala de aula? Eu saí no braço em uma época que isso era punido de forma cruel - dentro da escola. Alunos escapando pelo corredor? Fugindo da escola? Matando aula? Fiz tudo isso. Colei um bigode de papel no retrato do patrono escolar, organizei uma greve de alunos contra nossa direção, esvaziamos extintores de incêndio no corredor. E meus colegas da época que hoje são engenheiros, professores, boiadeiros, professores, dentistas ou psicólogos fizeram o mesmo. Meus professores deixavam? É claro que não. Mas havia duas diferenças básicas: aqueles que temíamos desafiar, pelo temor de ofendê-los e perder sua atenção e os que tínhamos prazer em contradizer, pois sabíamos ser medíocres. Um colega que trabalha em uma rede municipal já viu muitos casos de alunos que por melhor que sejam os professores, ainda assim não realizam. E daí? É a Escola Pública? Quem conhece virtual ou pessoalmente nossa Escola Dinah, também pode dizer como é aqui. Agora, sabe aquela história do telefone sem fio? Então... a melhor maneira de desmascarar a perfídia, é convidar seu autor a vivenciar a situação que ele tanto teme ou denigre. Aprendizado??? Faça-me o favor... em uma escola particular, os pais entram com recursos junto à diretoria de ensino estadual quando o filho é retido: "Ah... dá um jeitinho". Já vi turmas com nove alunos levar três professores ao desespero e assisti um profissional lecionando com maestria para 120 estudantes.
6º - Tráfico? Consumo? Drogas? Tá bom. Ópio, meus caros, existe em diversas formas e aparências. Na televisão, no preconceito, na religião, nas psicoses, no espelho... Maior propagador das drogas? Será que é mesmo? Aqui ninguém vende nada. Não duvido que exista em algum lugar, uma situação assim... mas não é regra. Não podemos ser tolos! Não se compra uma casa olhando a fotografia dela, sem ouvir a vizinhança, sem abrir e fechar suas portas. Se a Escola fosse responsável por isso, a maconha já estaria legalizada. Francamente...
7º - Acredito que em alguns pontos do estado a capacitação dos professores encontrava dificuldades para chegar até seu público. Mas desde o início das vídeo-conferências toda diretoria de ensino está unida nos estudos. Sim... para quem não sabe, elas existem. Quem já teve curiosidade em assistir à TV Escola sabe o que é isso. Aqui em Brotas, somos privilegiados duplamente. Além da proximidade da Delegacia de Ensino, ainda temos recebido capacitações com tal qualidade, que deixa as estratégias de muita apostila de cursinhos famosos, no chinelo. Quem acompanha o blog, sabe também que não são poucas. E além de teoria, temos prática. A reciclagem do professor estadual e a forma como ela é feita é incomparável. Somente alguém muito desinformado diria o contrário.
8º - Cobrança tênue???? Pois é... tão tênue que todos os professores recebem o teto do alardeado bônus. Ah-ah. Os direitos são iguais para todos. Não existem acertos. Não há como disfarçar protecionismo. Ninguém deve favores, então... não há razão para acordos. Os resultados de todo um ano escolar pesam sobremaneira nas Escolas Estaduais. E as Diretorias não fazem olhos moucos para isso. Não há como mascarar o resultado do SARESP ou do ENEM. Não existe a menor possibilidade de inventarmos uma posição frente à outras entidades se ela não existir realmente. Ineficaz é comprar um pedaço de terra no céu.
9º - Abusar de faltas??? Tem gente que pensa ser apenas o trabalho braçal cansativo. Vá explicar o princípio da genética, da gramática, da interpretação, da resolução de um problema a um grupo de alunos, dando exemplos, preparando exercícios, pesquisando modelos. Pode ser um grupo pequeno. De dez alunos. Comprometa-se em lhes ensinar durante um mês diariamente, por uma hora sobre um tema específico. Mas faça isso com mais cinco, seis ou oito grupos de alunos. Mude o tema de seus ensinamentos de acordo com a idade de cada turma. No final do dia, reveja sua postura, suas estratégias, seu amanhã. Faça isso por dois bimestres. Não. Seis meses. Ah, sim... não se esqueça de deixar um tempo extra para a sua família. Atestados... quem ouve uma besteira dessas, ainda repete. Diversidade, meu Deus, não existe apenas para fatos bons. Dizer que todo um cesto de maçãs está podre por causa de uma ou duas, não é uma maneira digna de preservar o produto de sua colheita...


Pois é... apesar de tudo isso, volto a destacar, nosso debate online foi amigável.
E a página era visitada de tempos em tempos para consulta - não é que o pessoal quis conferir? Eheheh.
Daí, me ocorreu que poderia encontrar em vocês o suporte do que digo.
Ou será que eu estou viajando?
Será que devo concordar, meus alunos, colegas e comunidade que realmente conhecem nossa Escola Dinah, com essa generalização?
Se você tem dúvidas, faço um convite:
Venha nos visitar.
De surpresa.
Mas não por cinco minutos.
Passe o dia todo.
Os três períodos.
Entre e saia com os alunos e professores.
Escolha uma sala de aula e sente-se lá para apreciar.
Acompanhe esse processo por um dia, de mente aberta.
Acredito que todo o corpo docente terá prazer nisso - apesar de não ter consultado ninguém para divulgar tal convite, eheheh... mas isso é só uma prova a mais de nossa real transparência.
Garanto que as surpresas serão muitas.
E boas.
E vocês vão compreender porque defendo com tanta honra e orgulho, o trabalho que tenho o prazer de dividir aqui com meus colegas.

Lázaro, José Carlos, Dr. Ettore, Dú Barreto, Maria Aparecida e Lourdinha

Para encerrar, e também interligando de uma maneira saudável o assunto com o planejamento de hoje, vou utilizar aqui as palavras de uma sonhadora citada pelo Dr. Ettore - envolvente e convincente em sua dignidade, na palestra:

"No beco de Vila Rica,
Tem sempre uma galinha morta.
Preta,
Branca,
Carijó...
Não importa."


Cora Coralina



Reflita um momento sobre isso.




10 de fevereiro de 2005

 

Planejamento 2005

Novo visual para a Biblioteca, nova cara ao jardim e um muro sólido e seguro no acesso ao estacionamento

Profª Joceli Junco Mercaldi"A Escola Dinah está em fase de planejamento. Refletindo sobre o passado e reorganizando o futuro."
A frase de nossa diretora, Profª Joceli, resume bem os dois últimos dias, aliás, todo o mês.
Apoiada pela Prefeitura Municipal em uma pequena reforma na área externa de nossa Escola Dinah, Dª Joceli não tem medido esforços em reacender ainda mais o espírito de equipe existente.
Depois de rever o plano de ensino, utilizamos a sala de informática para digitar o mesmoUma dinâmica de grupo realizada no primeiro encontro e que pegou-nos de surpresa em seu encerramento (não finalização, pois ainda não terminamos o processo) encontrou pontos de referência em diversos momentos nos últimos dias.
Critérios, condutas, projetos, estratégias e objetivos foram aberta e detalhadamente explorados.
Utilizando a força de grupos ou a voz solitária, todos os professores têm se envolvido nessa construção.
Argumentações são a base de todo o processo e tenho notado que a busca por respostas e a fundamentação de teorias parece estar muito em alta entre toda a equipe.
Isso corre muito bem.
É fundamental que esse processo esteja bem embasado.
Profª Mirela apanhando da senhaÉ o resultado de todas as resoluções ali tomadas que permearão o andamento do ano letivo de 2005, e ninguém deve ser pego desavisado.
Parece vago, complicado ou até mesmo engraçado... mas não é. Tenha certeza disso.
O que todos aqui buscamos é a melhor forma possível de estruturar a ação, dando força talvez a uma frase de Guiomar Namo de Mello, que fora de seu contexto original tenho certeza de que encontrará adeptos entre grande parte dos professores: "A diversidade é o traço mais marcante do ensino".
Isso temos de sobra.
Diversidade.
Consequentemente, respeito.
E acima de muita coisa: tolerância.

Maria Elisa Cassamassimo, Flávia Gizzi, Robson Alves e Josiane Rocha

Josiane Pacheco e Fátima BatistelaAgora, é somar todos esses termos e munidos de muita paciência, tornear mais uma vez a argila que retorna para nossas mãos, ou que chega pela primeira vez e moldá-las em peças únicas provando de uma vez por todos aos teóricos de plantão que a diversidade frequentemente presente dentro das salas de aula, independem de quadros normativos impostos.
Estamos mais uma vez, lapidando o nosso modus operandus e a esperança de aumentar ainda mais nossos acertos é que nos mantém unidos.
Estamos aqui.
Por e com vocês.



Escola Dinah, o endereço da Educação em Brotas.


PS - Recebemos seis novos colegas em nosso quadro (na foto acima). A disposição de todos já pôde ser sentida durante os debates iniciais.
Despedimo-nos de vários também, mas eu particularmente acredito que Juliana, Analice, João Paulo e vários outros vão seguir lutando pelo mesmo ideal que buscamos quando juntos: uma educação digna.
Boas Vindas aos novos colegas, que em pouco tempo se tornarão amigos, e Boa Sorte aos velhos amigos, que nunca deixarão de sê-lo.

Juliana, Analice e João Paulo




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Criação, Edição e Atualização
Paulo Antonouza